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Sexta-feira, 13 de Junho de 2025
É preciso tratar de forma adequada crianças com seletividade alimentar

Saúde
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É preciso tratar de forma adequada crianças com seletividade alimentar

Psicóloga revela que este comportamento é marcado pela recusa persistente de alimentos, consumo restrito a poucos itens e resistência à introdução de novos sabores, cores e texturas

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A seletividade alimentar atinge um número crescente de crianças e tem se tornado uma das principais preocupações entre pais de primeira viagem. Embora muitos ainda associem a recusa alimentar a ‘manha’ ou fases passageiras, estudos mostram que esse comportamento pode se consolidar como um padrão rígido quando não é tratado de forma adequada e no momento certo.

Segundo dados da Revista da Associação Brasileira de Nutrição (Rasbran), até 40% das crianças em fase pré-escolar apresentam algum grau de seletividade alimentar, mesmo sem diagnóstico de transtornos. O comportamento é marcado pela recusa persistente de alimentos, consumo restrito a poucos itens e resistência à introdução de novos sabores, cores e texturas — o que, ao longo do tempo, pode gerar dietas pobres em nutrientes e riscos como anemia, déficit de crescimento e obesidade infantil.

Esse cenário é especialmente comum em famílias onde o cuidado com a alimentação é terceirizado para babás, creches ou escolas que nem sempre contam com orientação técnica sobre como lidar com esse tipo de comportamento. “Há uma lacuna clara entre o que a criança precisa e o que de fato é praticado no dia a dia. Muitas vezes, a alimentação vira um campo de conflito ou de comodismo, e isso impacta diretamente o desenvolvimento saudável”, afirma Juliana Moura, psicóloga infantil e especialista em comportamento.

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Atenta a essa realidade, Juliana criou um projeto de intervenção home care voltado a famílias com crianças pequenas em fase de seletividade alimentar. “O intuito é ajudar famílias que valorizam a conveniência e, muitas vezes, não têm tempo de se deslocar para clínicas. Oferecer um atendimento dentro de casa, com foco em rotina, orientação dos cuidadores e estímulo sensorial, é uma resposta a essa demanda real”, explica.

Muitos pais priorizam a praticidade e buscam serviços que atendam seus filhos em casa, como já se popularizou entre figuras públicas — um exemplo conhecido é o da influenciadora Virgínia Fonseca, que frequentemente compartilha nas redes sociais terapias e atendimentos médicos acontecendo dentro de sua residência.

Juliana lembra que os primeiros anos da infância são críticos para o desenvolvimento de hábitos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% do desenvolvimento cerebral ocorre até os cinco anos de idade. “É nessa fase que as conexões neurais estão mais ativas. Se não houver exposição adequada a uma alimentação variada e positiva, a seletividade tende a se cristalizar como padrão”, explica.

O projeto inclui avaliação sensorial da criança, orientação parental, plano alimentar comportamental e acompanhamento direto com babás ou outros cuidadores. A ideia é transformar o ambiente doméstico — onde a criança forma suas primeiras referências — em um espaço de aprendizado e vínculo em torno da alimentação.

A psicóloga também chama atenção para práticas comuns que, embora bem-intencionadas, podem reforçar o problema: forçar a criança a comer, distraí-la com telas ou ceder a cardápios repetitivos. “Comportamentos assim geram aversão e reforçam o ciclo de recusa. A abordagem precisa ser respeitosa, técnica e ajustada à realidade daquela família”.

Ela conclui: “Quanto mais precoce a intervenção, maiores as chances de reverter o quadro e evitar que o comportamento alimentar se transforme em um obstáculo duradouro. O mais importante é tirar o peso da culpa dos pais e substituí-lo por orientação qualificada”.

FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Divulgação
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