Foi divulgado recentemente que Goiás é referência em tratamento especializado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e instituições do estado servirão de modelo para o governo de São Paulo. Mas até que ponto vivemos essa realidade? Seria apenas nos grandes centros metropolitanos? Como é a vida dessas famílias em cidades do interior goiano?
A Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir), instituição sem fins lucrativos com atuação no estado goiano, será parceira do governo de São Paulo na gestão do novo Centro de Referência e Apoio para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, na capital paulista. A unidade será inaugurada neste mês de maio na zona oeste da cidade.
Em Goiás, há cinco clínicas neste modelo: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Anápolis e Senador Canedo. Um reflexo do empenho das prefeituras locais, diferentemente do que acontece na maioria das cidades do país. Segundo Denise Cunha, presidente da Associação de Pais e Protetores do Autista de Porangatu, ela diz ainda sentir a falta de apoio por parte do poder público.
“Aqui em Porangatu, simplesmente não tem atendimento algum para as crianças autistas. Um número muito grande dessas crianças são de baixa renda e não conseguem pagar por nenhum tipo de consulta e terapia”, declara a representante da população na cidade.
A Agir é especializada em atendimento terapêutico multidisciplinar e interdisciplinar de crianças e adolescentes diagnosticados com autismo. Ela foi projetada para oferecer acompanhamento realizado por profissionais de diferentes áreas complementares. A psicopedagoga Nathalia Lopes, especialista em ABA, ressalta a importância desses tratamentos direcionados.
O tratamento multidisciplinar é importante, principalmente na primeira infância. “Não há uma idade exata para começar. O que podemos afirmar é que a intervenção precoce é fundamental para o progresso em áreas como comunicação, socialização e autonomia, ampliando significativamente o potencial de desenvolvimento das crianças atípicas”, diz a profissional.
Denise foi na quarta-feira (14) conhecer a unidade de Senador Canedo. “A estrutura da clínica é maravilhosa, tem atendimento da equipe multidisciplinar e também acompanhamento psicológico, cursos e palestras para os pais”, relatou. Na unidade, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, neuropsicopedagogos e especialistas em ABA atuam de forma integrada.
A Organização Mundial da Saúde estima que há cerca de dois milhões de pessoas dentro do espectro no Brasil. Dado que reforça o compromisso que as prefeituras devem ter com sua comunidade. A experiência vivida nesses centros de referência é destoante do que se vê em muitas cidades. Uruaçu já entendeu como se faz e acaba de abrir um centro focado no apoio dessas crianças e seus familiares.
Enquanto o Centro TEA Paulista conta com a expertise oferecida aos pacientes atendidos em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Anápolis e Senador Canedo, com atendimento a todos os níveis de suporte a pessoas com autismo, as famílias de Porangatu seguem pedindo para serem ouvidas e Denise garante que não desistirá da sua luta pela população da cidade.
NOTA DA PREFEITURA DE PORANGATU
Embora Porangatu ainda não disponha de uma clínica pública especializada no atendimento de crianças autistas, a gestão municipal tem investido em uma rede de apoio que garante acesso à saúde, educação e atividades sociais para esse público. No âmbito da saúde, são ofertados atendimentos com profissionais capacitados para acompanhar crianças neurodivergentes, além da distribuição gratuita de medicamentos de alto custo, de uso contínuo ou não, assegurando o direito à saúde para as famílias que necessitam.
Adicionalmente, o município conta com um programa de equoterapia, que oferece acompanhamento especializado com fisioterapeutas para estimular o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças atendidas. No campo da educação, todas as unidades da rede municipal contam com professores de apoio, garantindo um acompanhamento dedicado e inclusivo para essas crianças.
A gestão também promove diversas atividades sociais, como oficinas de dança, literatura, artesanato e música, voltadas para o desenvolvimento das crianças neurodivergentes. No âmbito da assistência social, o município oferece suporte para o acesso a benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), quando aplicável.
A Prefeitura de Porangatu reforça seu compromisso em continuar ampliando as políticas públicas voltadas para a inclusão e bem-estar das crianças neurodivergentes, trabalhando para oferecer cada vez mais qualidade e acesso aos serviços essenciais.
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