A PFL pode ser a nova proprietária do Bellator, mas no cage, ficou bem claro quem é o "irmão mais velho" na nova dinâmica. No evento que celebrou a fusão das duas franquias neste sábado, em Riad, Arábia Saudita, os lutadores da organização fundada em 2008 "golearam" os atletas da liga formada em 2017, com cinco vitórias a uma no confronto direto. O responsável pelo único "gol" da PFL - e do Brasil - no card foi Renan Problema, campeão dos pesados, que bateu Ryan Bader para conquistar o supercinturão, sentar no trono e ainda receber a oportunidade de enfrentar Francis Ngannou, ex-campeão do UFC, no futuro próximo.
- Eu sou o Problema, sou um cara que quebra os recordes. Todos os recordes mais rápidos da PFL são meus. Francis, cadê você? Eu estou aqui e estou te esperando! - disparou o brasileiro.
- Lutar com um campeão como o Francis sempre foi um sonho, estar entre os melhores do mundo. Este é o meu momento, eu estou pronto. Pode ser aqui dentro do octógono, pode ser no boxe, aonde você quiser, eu vou estar pronto - garantiu.
"Goleada" do Bellator no card principal
No primeiro duelo da noite, AJ McKee não teve muito trabalho para finalizar Clay Collard e anotar a primeira vitória para o Bellator. Ele atacou as pernas, puxando para a guarda, logo no início, agarrando uma guilhotina perigosa. Collard escapou, mas McKee passou ao triângulo e já armou uma chave de braço, da qual o lutador da PFL não conseguiu fugir. Vitória do "Mercenário" por finalização em apenas 1min10s.
O cubano Yoel Romero ampliou o placar para 2 a 0 a favor do Bellator ao vencer o brasileiro Thiago Marreta, da PFL, por decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28). O primeiro round foi muito estudado, com poucos golpes conectados, mas o carioca acertou o melhor soco, um direto de direita. A partir do segundo assalto, porém, o cubano passou a mirar mais a perna da frente do brasileiro com chutes e pisões no joelho, aos poucos minando a base e frustrando a aproximação de Marreta. No último round, o brasileiro sentiu a perna direita e, apesar de levar perigo com seus cruzados, não tinha mais estabilidade na base.
A vantagem do Bellator foi a 3 a 0 com a vitória do russo Vadim Nemkov sobre o brasileiro Bruno Cappelozza. Estreando no peso-pesado, o ex-campeão meio-pesado do Bellator controlou a luta na longa distância. Bruno se viu forçado a se expor para se aproximar e a estratégia quase deu certo no segundo round, quando ele balançou o russo com um cruzado de direita. Porém, Nemkov aproveitou sua aproximação, o colocou para baixo, passou rapidamente à montada e apagou o ex-campeão peso-pesado da PFL no kata-gatame. Como era um duelo de ex-campeões, Nemkov recebeu o "supercinturão" e anel especiais do evento.
Virou passeio para o Bellator na quarta luta, quando o campeão peso-meio-médio da companhia, o jamaicano Jason Jackson, venceu o havaiano Ray Cooper III, ex-campeão da PFL, por nocaute técnico no segundo assalto. Jackson minou a perna esquerda de Cooper aos poucos com chutes baixos e só não nocauteou com cotoveladas no primeiro round porque o havaiano foi salvo pelo gongo e pelo árbitro. Mas Cooper já estava praticamente derrotado, e o jamaicano encerrou a luta em apenas 23 segundos no período seguinte.
A penúltima luta era a primeira com dois campeões ativos em ação, e foi a mais equilibrada da noite. Impa Kasanganay, campeão peso-meio-pesado (93kg) da PFL, por pouco não nocauteou Johnny Eblen, campeão peso-médio (84kg) do Bellator, no segundo round com uma sequência de ganchos e cruzados. Mas Eblen suportou a pressão e ainda terminou o round com uma queda. O primeiro e terceiro assaltos foram muito parelhos, mas o campeão do Bellator foi levemente superior. O final foi espetacular, com os dois trocando golpes no chão. Eblen venceu por decisão dividida dos juízes.
Neto de Ali surpreende em estreia como profissional
Neto de Muhammad Ali, o americano Biaggio Ali Walsh venceu em sua estreia no MMA profissional, ao derrotar o argentino Emmanuel Palacio por decisão unânime. O peso-leve americano, contudo, não o fez com o boxe, como se esperaria de alguém com sua linhagem: ele surpreendeu ao buscar a luta agarrada desde o início, impondo uma linda queda logo no primeiro minuto. No segundo assalto, Ali Walsh até mostrou mais de sua trocação, com cotoveladas e chutes variados, mas quando Palacio acertou alguns contragolpes perigosos, o americano voltou a agarrar e derrubar, estratégia que manteve até o fim do terceiro e último assalto.
Shields passa sufoco, mas vence em retorno ao MMA
Em seu retorno ao cage da PFL após cerca de 28 meses (dois anos e quatro meses) sem lutar MMA, a multicampeã mundial de boxe Claressa Shields escapou com uma vitória apertada, por decisão dividida, sobre a compatriota Kelsey DeSantis. Contudo, não mostrou muita evolução em relação às suas duas primeiras lutas no esporte, em 2021. Em pé, acertou bombas com seu boxe diferenciado em todos os rounds. Porém, se expôs ao clinche, foi derrubada em todos os três rounds e passou sufoco no solo duas vezes.
No primeiro round, foi pega numa chave de braço que não finalizou a luta por erro de DeSantis, que poderia ter feito mais alavanca para botar pressão e potencialmente quebrar o braço da adversária. Shields mostrou coração e não bateu, mas também acertou um golpe ilegal com um pontapé desesperado no rosto da adversária deitada. O árbitro considerou o chute acidental e apenas a advertiu. No último assalto, Claressa tinha ampla vantagem quando mais uma vez se expôs, caiu, cedeu a montada e não demonstrou nenhum recurso para sair da posição. Após o anúncio da vitória, a boxeadora desabafou.
- Eu tive um camp tão difícil! Não é fácil o que estou tentando fazer, tenho muito respeito por este esporte, trabalhei muito duro para chegar aqui.. Tive meu braço estalado na chave no primeiro round, tive que escapar disso, e não sabia bem sair no terceiro round, mas sabia que tive um forte primeiro round, um segundo round duro, e ganhei o começo do terceiro. Quero agradecer à minha equipe, eles exigiram muito de mim, tive de me forçar a voltar à academia, e por isso consegui a vitória hoje - declarou Shields, com lágrimas no rosto.
Aaron Pico amassa Henry Corrales
Provável próximo desafiante ao cinturão peso-pena (65,8kg) de Patrício Pitbull no Bellator, Aaron Pico atropelou Henry Corrales no encerramento do card preliminar. Disputada no peso-leve (70,3kg) porque foi casada de última hora, a luta foi dominada por Pico de cabo a rabo e encerrada com nocaute técnico no ground and pound a sete segundos do final do primeiro round.
Brasileiro perde na abertura do evento
A luta amadora que abriu o evento foi de festa para a torcida saudita e frustração para o Brasil. O lutador da casa, Malik Basahel, venceu o brasileiro Vinícius Pereira por decisão unânime (30-27, 29-28, 30-27). O árabe dominou o primeiro e terceiro rounds com quedas e passagens de guarda. Pereira teve seu melhor momento no segundo assalto, no qual passou a maior parte dos três minutos nas costas do adversário, mas Basahel inverteu a posição nos segundos finais e acertou alguns golpes, o que dois juízes julgaram suficiente para que ele vencesse também este período.
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