O Brasil registrou avanços no cenário ambiental, com queda significativa do desmatamento em biomas estratégicos e intensificação da fiscalização. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre agosto de 2024 e julho de 2025, a Amazônia perdeu 4.495 km² de vegetação — o segundo menor índice dos últimos 21 anos.
Apesar do patamar historicamente baixo, o número representa aumento de 4% em relação ao ciclo anterior, reflexo dos incêndios no segundo semestre de 2024.
Nos demais biomas, a tendência foi de forte redução. O Cerrado, um dos mais pressionados pela agropecuária, registrou queda de 20,8%, enquanto o Pantanal teve o resultado mais expressivo: redução de 72% no desmatamento, além de diminuição de 9% nos focos de incêndio.
A fiscalização ganhou força no período. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou 9.540 operações, aplicou mais de 3,9 mil autos de infração e somou R$ 2,4 bilhões em multas ambientais.
Desafios para o campo
Para a engenheira ambiental e sanitarista Maristela Rodrigues, o uso de imagens de satélite mudou a forma de monitorar o território, mas também trouxe apreensão aos produtores. “Às vezes, o produtor recebe uma notificação por imagem de satélite e acha que vai ser multado de imediato. Mas não é bem assim. A Secretaria faz a vistoria, verifica se houve corte ou derrubada, e, se for fenômeno natural, emite declaração. Isso é fundamental para evitar autuações equivocadas”, explicou.
Segundo ela, o licenciamento ambiental é a chave para dar segurança jurídica ao produtor e proteger o meio ambiente. “Estar regularizado evita multa, evita dor de cabeça e ainda ajuda a preservar o solo, a água e a própria produção”, afirmou.
Maristela também destaca que a preservação não pode recair somente sobre o pequeno ou médio produtor. “As indústrias têm uma parcela enorme de responsabilidade pelas emissões de CO₂. Elas precisam compensar seus impactos adquirindo, por exemplo, selos verdes de produtores rurais locais. É preciso haver equilíbrio”, ressaltou.
Impactos globais e oportunidades
A especialista lembra que a discussão ambiental também envolve reflexos econômicos e diplomáticos, especialmente com a realização da COP30 no Brasil. “O crédito de carbono é um ativo que movimenta bilhões. Para o produtor, manejar bem a terra é essencial, mas é preciso entender que há interesses globais em jogo”, afirmou.
Ela acredita que preservar pode ser mais rentável do que desmatar. “Áreas densas de vegetação rendem maior crédito de carbono e podem gerar retorno anual de aproximadamente R$ 1 milhão, além da possibilidade de comercializar reservas legais para propriedades em regularização”, exemplificou.
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