O improvável aconteceu. Após dias de tensão e trocas de farpas indiretas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram um breve encontro nesta terça-feira (23) nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU.
A conversa não estava na agenda de nenhum dos dois líderes. Trump, que já se encontrava em uma sala reservada da ONU, acompanhou o discurso de Lula — recheado de críticas às ações norte-americanas. Ao final, o republicano tomou a iniciativa e chamou o brasileiro para conversar.
O diálogo foi curto, mas suficiente para um gesto de aproximação em meio ao clima pesado entre os dois países. Trump sugeriu uma reunião na próxima semana e Lula aceitou. Pouco depois, em seu discurso oficial, o americano declarou que houve “excelente química” entre os dois.
“Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente. Isso é um bom sinal”, afirmou Trump, arrancando reações de surpresa e até de ironia nos corredores da diplomacia.
A simples sinalização do encontro animou os mercados: o real se valorizou cerca de 1% frente ao dólar e a Bovespa subiu mais de 1%, alcançando uma máxima histórica.
Contexto delicado
O gesto acontece em um momento de forte atrito entre Brasil e Estados Unidos. Trump impôs sanções contra o país, incluindo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, cassação de vistos de autoridades e bloqueio financeiro contra nomes como o ministro Alexandre de Moraes (STF) e até sua esposa, Viviane Barci.
Foi a primeira vez que Lula e Trump dividiram o mesmo espaço desde que essas medidas passaram a vigorar. Em abril, ambos estiveram no funeral do papa Francisco, mas não se encontraram. Em maio, havia expectativa de um encontro no G7, mas Trump deixou o Canadá antes.
Agora, a aproximação em Nova York abre espaço para negociações inéditas entre dois líderes que, até aqui, mantinham distância e críticas mútuas.
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