De 1º a 4 de outubro, Uruaçu se transforma em palco de um dos eventos mais importantes de valorização da identidade negra no Centro-Oeste. O Encontro de Culturas Negras do Instituto Federal de Goiás (IFG) chega à sua sétima edição reunindo arte, ciência, música, espiritualidade e ativismo em um só espaço.
Com o tema ‘Mulheres Negras do Centro-Oeste: por reparação e bem viver’, a programação traz oficinas, palestras, debates, cortejos, batalhas de MCs, feira de artesanato e apresentações culturais. Tudo gratuito e aberto ao público. A abertura oficial será no dia 2 de outubro, às 19h, no câmpus do IFG em Uruaçu.
Mais que um festival, o encontro é também ato político e pedagógico. “Celebrar as culturas negras é celebrar a essência da identidade brasileira, dar visibilidade a histórias marginalizadas”, disse a reitora do IFG, Oneida Cristina Irigon. Para ela, o evento mostra a força de uma instituição plural e inclusiva.
Interior como centro da cultura
O destaque fica para o fato de um evento desse porte acontecer em Uruaçu, no norte de Goiás, região que muitas vezes fica à margem dos grandes projetos culturais. A iniciativa fortalece o papel do interior como espaço de resistência, aprendizado e circulação de saberes.
A expectativa é reunir cerca de mil pessoas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, em uma troca de experiências que vai da pesquisa acadêmica à tradição popular.
Entre os destaques da programação estão:
- Batalha de MCs com a uruaçuense MC Kaemy, tricampeã estadual de freestyle;
- Feira com artesanato, comidas típicas e produtos de comunidades tradicionais;
- Baile Black com DJ Iara Kevene;
- Oficinas variadas, de capoeira a tranças Kalunga, de poesia negra a fotografia;
- Cortejo com o projeto Sankofa e apresentações de dança de tambor de comunidades quilombolas;
- Exposição, cinema e shows musicais, como o da artista Milca.
Além disso, mesas e debates vão discutir espiritualidade, educação antirracista, saúde da população negra, políticas afirmativas e protagonismo das mulheres quilombolas.
Um passo para o futuro
Para Andreia Prado, diretora do câmpus e coordenadora do encontro, o evento é também preparação para a ‘Marcha das Mulheres Negras’, prevista para novembro. “É um momento de fortalecimento da comunidade”, disse.
Com arte, vozes e histórias ecoando do Araguaia para o Brasil, o encontro mostra que o interior de Goiás também pode — e deve — ser cenário de grandes transformações culturais e educacionais.
Comentários: