Um caso que mistura política, jornalismo e suspeita de extorsão vem ganhando repercussão nacional. O ex-funcionário da TV Globo Júlio Cesar de Oliveira, preso na semana passada dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), é acusado de ter tentado extorquir dinheiro de parlamentares cariocas em troca de benefícios na imprensa.
A nova reviravolta veio à tona nesta quarta-feira (8), em reportagem do colunista Gabriel Vaquer, do portal UOL. Segundo ele, o deputado estadual Giovanni Ratinho (Solidariedade-RJ) e seu filho, o vereador Giovanni Ratinho Júnior, acusam também o repórter Guilherme Peixoto e a produtora Márcia Brasil, ambos da TV Globo, de terem colaborado com Júlio César na tentativa de extorsão.
A Globo nega qualquer irregularidade e afirmou, em nota, que defende a conduta dos seus profissionais, reforçando que “não compactua com qualquer tipo de prática ilegal”.
Pedido de dinheiro e promessa de “melhorar a imagem”
De acordo com o depoimento de Giovanni Ratinho Júnior à polícia, Júlio César teria oferecido ajuda para “melhorar a imagem” do pai nos telejornais locais da emissora, em troca de dinheiro.
O primeiro contato teria ocorrido em março deste ano, seguido de nova abordagem em julho, quando o vereador marcou um encontro com o suspeito — e, segundo sua versão, os jornalistas Guilherme Peixoto e Márcia Brasil também estariam presentes.
Ratinho Júnior afirma que, após recusar o suposto “acordo”, passou a ser alvo de reportagens negativas. Pouco tempo depois, Júlio César teria voltado a procurá-lo, pedindo R$ 300 mil para evitar novas matérias desfavoráveis.
Prisão e investigação
A prisão de Júlio César ocorreu na semana passada, depois que ele foi flagrado tentando extorquir R$ 10 mil do deputado Alexandre Knoploch (PL-RJ). Segundo as investigações, ele prometia evitar a citação do parlamentar em uma reportagem do ‘Fantástico’.
Apesar de trabalhar na Globo desde 2023, Júlio César não tinha vínculo com o departamento de jornalismo e estava afastado por licença médica. A emissora confirmou que ele foi demitido após a denúncia vir à tona.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro segue apurando o caso, que agora também envolve a verificação da participação de outros funcionários da emissora. “Fui vítima de uma tentativa de extorsão e não aceitei pagar”, disse Giovanni Ratinho Júnior à polícia.
O caso promete novos desdobramentos nos próximos dias, com a oitiva de testemunhas e análise das mensagens trocadas entre os envolvidos.
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